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Angélica Freitas


A virada do milênio revelou uma geração de escritores pelotenses altamente qualificada e sensível às questões, ao mesmo tempo, globais e particulares, que deixou de lado o ufanismo característico da literatura produzida em Pelotas nas últimas décadas e avançou em direção ao conjunto da literatura universal.

Dentre estes, destaca-se significativamente, a poesia sagaz de Angélica Freitas. Com apenas dois livros de poesia publicados, Angélica conseguiu romper as barreiras da cidade, do estado e até do país. É provável que ela seja a escritora pelotense mais traduzida e estudada até hoje. Rilke Shake, sua obra de estreia, publicada pela Cosac Naify em 2007, já recebeu versões para o espanhol, alemão (tradução de Odile Kennel), francês e inglês (tradução de Hilary Kaplan).

Um dos resultados deste sucesso, que indicam o reconhecimento da poeta em sua terra natal, foi a escolha de Angélica Freitas para ser a patrona da 41ª Feira do Livro de Pelotas, em 2013.

Além de poeta, Angélica é também tradutora de poesia e jornalista. Nascida em 8 de abril de 1973, a escritora fez seu segundo grau (atual ensino médio) na Escola Técnica Federal de Pelotas e, em seguida, mudou-se para Porto Alegre, cidade na qual cursou Jornalismo, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Já formada, transferiu-se para São Paulo, onde trabalhou alguns anos como repórter no jornal O Estado de São Paulo e para a revista Informática Hoje.

Em 2006, Angélica deixou São Paulo e deu início a uma fase itinerante de sua vida/carreira, na qual residiu por curtos períodos em diversos países como a Holanda, a Bolívia e a Argentina.


TRAJETÓRIA LITERÁRIA

No mesmo ano, pela primeira vez os poemas de Angélica compuseram uma publicação impressa, a Cuatro poetas recientes del Brasil, uma coletânea de poesia brasileira contemporânea, organizada e traduzida pelo poeta e crítico argentino Cristian De Nápoli. Neste período, ela começou a participar de atividades literárias como leituras públicas de seus poemas em São Paulo, na Casa das Rosas, e no Festival de Poesia Latino-americana de Buenos Aires.

Em 2007, Angélica publica pela Cosac Naify – uma das mais conceituadas editoras do Brasil – a coletânea de poesias Rilke Shake, que integra a coleção de poesia contemporânea "Ás de colete”. Cinco anos mais tarde, a escritora revela que o sucesso alcançado com a primeira obra não seria fugaz, mas o início de uma produção inovadora e fascinante. Seu segundo livro, um útero é do tamanho de um punho (Cosac Naify, 2012), venceu o prêmio de Melhor Livro de Poesia de 2012 da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e foi um dos finalista dos prêmios Jabuti e Portugal Telecom de 2013.

No mesmo ano, em parceria com o quadrinista Odyr Bernardi, Angélica Freitas publicou o romance gráfico Guadalupe, pela Companhia das Letras. A grosso modo, roteiro de Angélica e ilustrações de Odyr - o que parece ter funcionado muito bem. Segundo a escritora, “existe uma aproximação entre a linguagem dos quadrinhos e a poesia. Algo a ver com síntese e contenção”.

Angélica, que parece apostar bastante nos suportes virtuais, já publicava em diversas revistas online antes do lançamento de Rilke Shake e um útero é do tamanho de um punho. A escritora tem textos em revistas impressas e eletrônicas, como Inimigo Rumor (Rio de Janeiro, Brasil), Diário de Poesía (Buenos Aires/Rosário, Argentina), águasfurtadas (Lisboa, Portugal), Hilda (Berlim, Alemanha), Aufgabe (Nova Iorque, Estados Unidos), Neue Rundschau (Alemanha), World Literature Today (Estados Unidos), Litro (Inglaterra) e Nioques (França). Além dos blogs.

Por anos manteve o blog tome uma xícara de chá. Atualmente, é co-editora, com os poetas Marília Garcia, Fabiano Calixto e Ricardo Domeneck, da revista de poesia Modo de Usar & Co., para a qual traduziu textos de poetisas hispano-americanas como Blanca Varela, Susana Thénon e Lucía Bianco.

Traduziu também o poema de autor anônimo Eu vi um pavão, pela Scipione em 2011; as novelas Como me tornei freira e A Costureira e o vento, do escritor argentino Cesar Aira, publicadas pela Rocco em 2013 e a obra que serviu de base para o roteiro do filme “Johnny e June”, Cash: a autobiografia, de Johnny Cash e colaboração de Patrick Carr, publicada pela Leya em 2013.


PARTICIPAÇÃO EM ANTOLOGIAS

Cuatro poetas recientes del Brasil. (Org. Cristian De Nápoli. Buenos Aires, Argentina: Black & Vermelho, 2006)
Otra línea de fuego: quince poetas brasileñas ultracontemporaneas. (Org. Heloísa Buarque de Hollanda. (Diputación Provincial de Málaga, 2009)
VERSSchmuggel / Contrabando de Versos (Berlin, Alemanha: Das Wunderhorn / São Paulo: Editora 34, 2009)
El libro de los gatos (Buenos Aires, Argentina: Bajo la Luna, 2009)
A Poesia Andando. 13 poetas do Brasil (Lisboa, Portugal: Cotovia, 2008)
Skräp-poesi: antología bilingüe en español y sueco (Malmö, Suécia: ed. POESIA con C, 2008)
Natiunea Poetilor (Suceava, Romênia: ed. Musatini, 2008)
Poesía-añicos y sonares híbridos. Doce poetas latinoamericanos (Berlin, Alemanha: SuKulTur, 2007)
Caos Portátil (Ciudad de México, México: Ed. El Billar de Lucrecia, 2007)
Poemas no ônibus (Porto Alegre: Secretaria Municipal da Cultura, 2002)

Algumas poesias de Angélica Freitas podem ser lidas online nas páginas Germina- Revista de Literatura & arte e  Portal de poesia hibero-americana.

Outras também podem ser ouvidas, na voz da própria poetisa. 


ESTUDOS ACADÊMICOS

O meio acadêmico também vem dando atenção para a obra de Freitas.
Regitra-se a tese de doutorado Paisagens em profusão: as poéticas contemporâneas de Angélica Freitas, Fabiano Calixto, Marília Garcia e Ricardo Domeneck (2015), de Letícia Costa e Silva Ferro (UFG), e as dissertações de mestrado Memória e intertextualidade: uma leitura de Susana Thénon e Angélica Freitas, de Eduarda Rocha Góis da Silva (UFAL) e "Um útero é do tamanho de um punho" e as transformações na poesia de Angélica Freitas, de João Paulo Vieira Escute (UNESP).
Além de um extenso número de artigos acadêmicos, e tantos outros em jornais e revistas.


Referências:
Angélica Freitas e o tamanho da insurgência. Por Pádua Fernandez, em 10 de outubro de 2012.
Angélica Freitas desmonta clichês sobre o universo feminino. Por Guilherme Freitas, em 1 de dezembro de 2012.
Angélica Freitas, em Wikipédia, a enciclopédia livre.


Colaboração de Simone Xavier Moreira