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Carlos Eugênio Fontana


Carlos Eugênio Fontana nasceu na cidade de Pelotas (RS), em 4 de novembro de 1830 e, conforme certidão de óbito, faleceu de periencefalite difusa, em 10 de agosto de 1896, às 21 horas, em Rio Grande (RS). Filho de Lourenço Fontana e Maria Inácia de Britto, aos cinco anos de idade, teve que se refugiar com sua família no Rio da Prata, por causa da Revolução Farroupilha (1835-1845).

Desenvolveu parte de seus estudos na cidade de Buenos Aires, na Argentina, e voltou à sua pátria em 1853 (SACRAMENTO BLAKE, 1970, v. 2, p. 64). Cultivando as letras, dedicou a vida ao jornalismo, sendo que, seus primeiros ensaios, publicados em revistas de Montevidéu, foram assinados sob o pseudônimo de Anna Rosa Flecont, anagrama de seu nome (SACRAMENTO BLAKE, 1970, p. 64). E assim continuou se utilizando do recurso do anonimato, por muitos momentos, ao longo de sua carreira de escritor.

Foi um jornalista engajado em causas políticas, sociais e preocupado com o desenvolvimento da arte literária na região. Em 1853, fundou, na cidade fronteiriça de Rio Branco, El Comercio del Litoral, primeiro periódico da região, escrito em espanhol e português, mas que não durou muito tempo, por falta de recursos (MARTINS, 1978, p. 224).

Em 1854, trabalhou como funcionário da Mesa de Rendas, de Rio Grande e, em 1857, assumiu, em Jaguarão (RS), a redação do Imparcial. No ano seguinte, retornou para Rio Grande, onde trabalhou na redação do Eco do Sul, publicando seu romance O homem maldito, em 1858 (MARTINS, 1978, p. 224). Além disso, colaborou para outros periódicos, como o Diário do Rio Grande e O Artista, e para a revista Arcádia, na qual publicou, em 1867, Apontamentos históricos, topográficos e descritivos da cidade do Rio Grande desde seu descobrimento e fundação até a contemporaneidade de sua escrita (CESAR, 1971, p 310). Ainda na revista Arcádia, publicou, em maio de 1868, sua novela Cenas da Vida. Foi membro da Revista Partenon Literário, na qual teve textos publicados, em 1874 e 1875 com o pseudônimo de Anna Rosa Flecont (MARTINS, 1978, p. 224).

Também serviu, por seis anos, no cargo de guarda-mor. Em 1882, seu nome consta em uma lista de jurados, explicitada no jornal Eco do Sul, de 6 de setembro do mesmo ano. Em 1883, publicou vários artigos sobre o progresso da cidade do Rio Grande (Eco Lusitano, 1 dez. 1883, p. 4)[1].

No âmbito pessoal, sabe-se muito pouco sobre Fontana, além da sua ida na infância para Buenos Aires e seu retorno para a fronteira do sul, entre Brasil e Uruguai. Sabe-se que ele casou com Ana Júlia Fontana em data desconhecida, e que teve com ela quatro filhos[2] Carlos Eugênio Fontana Filho[3], Amílcar Eugênio Fontana[4], Hercília Júlia Fontana[5], Virgínia Angélica Fontana[6] e Hector Henrique Fontana[7]. Também teve um neto, filho de seu primogênito Carlos Eugênio Fontana com Rosa Pires de Bittencourt, o qual nasceu em 5 de dezembro de 1886 e recebeu o mesmo nome do avô e do pai, Carlos Fontana. Assim, viveu na cidade do Rio Grande desde 1858, onde constituiu família e desenvolveu maior parte de sua atividade literária até sua morte em 1896.

A obra mais relevante de Fontana foi O homem maldito, pela sua importância histórica e pioneirismo no gênero romance.


[1] Este exemplar pode ser encontrado na Biblioteca Rio-Grandense.
[2] Estes dados sobre a família de Carlos Eugênio Fontana foram coletados através da leitura do seu inventário, cujo documento pode ser encontrado no Arquivo Público do Rio Grande do Sul. Autos nº 272; Maço nº 7; Estante nº 19. Rio Grande - 2º Cartório do cível.
[3] Cf. FamilySearch, Carlos nasceu em 22 out 1860, foi batizado em 6 abr. 1861.
[4] Cf. FamilySearch, Amílcar nasceu em 9 dez. 1861, foi batizado em 17 fev. 1862, casou-se com Hermance Ferreira em 12 out. 1889.
[5] Cf. FamilySearch, Hercília nasceu em 21 jun. 1863 e foi batizada em 11 dez. 1863. Como seu nome não consta no inventário citado, presume-se que faleceu antes de 1896, data de morte de Carlos Eugênio.
[6] Cf. FamilySearch, Virgínia foi batizada em 9 dez. 1866.
[7] Cf. FamilySearch, Hector nasceu em 9 out. 1871, foi batizado em 25 dez. 1871.


Fontes:
CESAR, Guilhermino. História da literatura do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Globo, 1971.
GARCIA, Sheila Fernandez. O Homem Maldito, de Carlos Eugênio Fontana: o início do  romance sul-riograndense. 2012. Vol 1. 120 f. Dissertação – Programa de Pós-Graduação em Letras: Mestrado em História da Literatura. Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande.
MARTINS, Ari. Escritores do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS/IEL, 1978.
Revista Mensal do Partenon Literário. Porto Alegre, nº 6, 8 e 12.
SACRAMENTO BLAKE, Augusto Victorino Alves. Dicionário bibliográfico brasileiro. Rio de Janeiro: MEC, 1970.


Colaboração de Sheila Fernandez Garcia